Josias de Souza
Diante do
pedido de 22 anos de cadeia formulado pela Procuradoria-Geral da
República, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) prometera defender-se da tribuna da
Câmara. Não falou. Convertido numa condenação esperando para acontecer,
ele mandou dizer que resolveu renunciar ao mandato de deputado federal. Faltando-lhe os argumentos e a presença de espírito, tenta conseguir a ausência de corpo.
Azeredo nem veio a Brasília. O filho foi o portador da carta.
Um correligionário tucano cuidará de comunicar ao plenário. Suprema
ironia: os mensaleiros petistas José Genoino e João Paulo Cunha
renunciaram para fugir à cassação do mandato. Azeredo renuncia em fase
anterior para escapar da própria condenação do STF. Com os dedos na
guilhotina, salva antes os aneis.
Azeredo vê a
cúpula do ex-PT no presídio da Papuda e já não pode dizer “dessa água
não beberei”. Então, ele tenta ferver antes. Entrega o mandato para
forçar o Supremo a devolver o seu processo à primeira instância do
Judiciário, em Minas Gerais.
Apostando na infinidade de recursos que a
legislação brasileira é capaz de prover, o ex-governador mineiro,
ex-presidente do PSDB e ex-senador da República já não ambiciona a
absolvição. Ele deseja agora a prescrição. Tomado pela coreografia,
Azeredo se retira de cena pela porta dos fundos.
Postado Por: Soares
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