CARLOS BRICKMANN
Esta
é a história de um ex-chefe de Estado, convencido de que o Brasil
nasceu com ele e que, antes, nem chegava a ser país.Tratava-se de uma
reles colônia.
Um governante hábil, cercado de um imenso cordão de
puxa-sacos, que beijava suas mãos e se ajoelhava diante dele. De certa
forma, tolerava a imprensa, mas gostava de imiscuir-se na orientação dos
jornais e de brigar com os jornalistas que não aceitavam suas
imposições.
Ai deles! Os inúmeros (e bem recompensados) adeptos do
guia supremo os perseguiam e agrediam nas ruas. Mesmo gostando de
aparecer, passou muito, muito tempo sem dar entrevistas.Era
chefe de Estado, mas tinha profunda afinidade com os costumes donpovo.
Viúvo, casou-se de novo; mas sua esposa não tinha o direito de se
manifestar em público. Quem mandava mesmo era a amante paulista, que
nomeava e demitia, que beneficiava a família e seus protegidos, não
tendo a menor preocupação com o escândalo que provocava. Era a namorada
do chefe; quem não a apreciasse tinha todo o direito de obedecê-la,
favorecê-la e calar-se.
A-do-ra-va dar palpite na política de outros países. Trouxe para o
Brasil, regiamente pagos, aventureiros internacionais para auxiliá-lo
nas tarefas a que se propôs - jamais se incomodou que fossem
estrangeiros.
Fez seu sucessor, pessoa de boa-vontade, mas pouco eficiente - foi
quem, por exemplo, prometeu gastar o que fosse preciso para levar água
aos nordestinos.
Esta é a história, claro, de D. Pedro I, que acaba de ser exumado.
D. Pedro I é interessantíssimo, merece mais estudo. Com todos os
problemas
que se seguiram à Independência, manteve certa liberdade no Brasil. Ao
voltar para Portugal (onde seria D. Pedro IV), lutou contra
o irmão D. Miguel, que queria ser rei sem limitação de poderes. D.
Pedro uniu os liberais e venceu a guerra.
Por ser liberal? Em parte; e para garantir o trono a sua filha Maria da Glória.
Postado Por: Soares
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