A primeira mulher a ingressar na magistratura
do Estado da Paraíba, a juíza aposentada Helena Alves de Souza, será
homenageada pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, em evento a ser
realizado na tarde desta quarta-feira (29), às 17h, no Salão Nobre do
Palácio da Justiça. Na ocasião, a presidente do TJPB, desembargadora
Fátima Bezerra Cavalcanti, fará a entrega de uma placa comemorativa a
Helena Alves, atualmente com 90 anos de idade.
O evento está sendo organizado pela Comissão de Cultura e Memória
do Poder Judiciário do Estado, presidida pelo desembargador Marcos
Cavalcanti. A homenagem faz parte da Agenda Cultural do Tribunal de
Justiça. De acordo com a programação, após a entrega da placa à
magistrada, o desembargador Marcos Cavalcanti fará um discurso,
discorrendo sobre a vida da magistrada. Ao final, Helena Alves irá falar
aos presentes.
Ao comentar sobre a homenagem, a juíza Helena Alves disse estar
satisfeita porque o seu trabalho e sua dedicação ao Poder Judiciário
paraibano estão sendo reconhecidos em vida. “Estou podendo participar
dessa homenagem que será feita em vida. Estou muito feliz com essa
iniciativa do Tribunal”, declarou a magistrada.
Ela terminou o Curso Clássico no Lyceu Paraibano e esperou cinco
anos pela criação da faculdade de Ciências Jurídicas da Paraíba, em
1951, quando se submeteu ao vestibular para o curso de Direito.
Helena Alves integrou a primeira turma de Direito e estudou com com
o advogado Yanko Cirilo; o ex-presidente do TJPB, desembargador Joaquim
Sérgio Madruga; e a professora Ofélia Gondim, a primeira vereadora de
João Pessoa.
Quando se inscreveu para o concurso de juiz de Direito da Paraíba,
figurava como a única mulher a concorrer ao cargo. “Eu passei muitos
anos sozinha como juíza. Foi uma luta para entrar, mas tudo que eu
queria era ser juíza do meu estado”, disse.
Ingressou na magistrautura em 1957. Sua primeira comarca foi
Pilões, onde ficou um ano e seis meses. Logo depois foi criada a comarca
de Cabedelo e ela foi transferida para comandar os trabalhos da Justiça
naquela cidade portuária, tendo sido a escolhida entre sete candidatos.
Além da magistratura, Helena abraçou também a magistério. Quando
era juíza de Cabedelo, juntamente com o desembargador Júlio Aurélio
Moreira Coutinho (ex-presidente do TJPB), que na época era promotor
daquela comarca, criaram o Colégio Estadual. ”Eu fui nomeada para a
disciplina de português e também fui diretora do colégio”, ressaltou.
Em 1969 foi afastada do cargo de juíza pelo AI 5, quando estava na
Comarca de Cabedelo, juntamente com nove juízes da Paraíba. “Eu nunca
soube porque me afastaram da magistratura. Fiquei revoltada, sofri
muito, mas Deus me reservou outros afazeres e me dei muito bem no
magistério”, comentou.
Durante os onze anos em que ela ficou sem atuar como juíza, Helena
Alves se dedicou ao magistério, lecionando no Colégio Santa Júlia, a
disciplina Organização Social e Politica do Brasil e Moral e Cívica.
Quando veio a anistia, apenas quatro juízes paraibanos foram chamados
para retornar ao trabalho e Helena estava entre eles. “Foi uma
injustiça, chamaram apenas quatro dos nove que estavam afastados!”,
desabafou.
Ao retornar a sua função na magistratura, a juíza Helena Alves de
Souza foi designada para a comarca de Piancó, onde ficou pouco tempo,
tendo sido promovida para a terceira entrância. “Foi aí que eu requeri
minha aposentadoria. Eu estava decepcionada!”, frisou.
Agenda Cultural – A agenda foi aberta no dia 17 de abril, com o
lançamento da Revista do Foro. No dia 15 de maio, o calendário cultural
do TJPB teve seguimento com o lançamento do livro “Manual de Direito
Processual Civil”, de autoria do juiz de Direito da 3ª Vara Cível da
comarca de Campina Grande, Manuel Maria Antunes de Melo.
Postado Por: Soares
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