Entre tramas e fios, a 450 quilômetros de João Pessoa, as
possibilidades de desenvolvimento e geração de emprego e renda não param de
crescer para pelo menos 35 empresas localizadas no Vale do Piancó, uma das
regiões mais afetadas pela seca prolongada. Boa parte delas concentra-se no
município de Itaporanga, onde um terço da população está envolvida direta ou
indiretamente com o setor têxtil e o cenário é de novas oportunidades de
crescimento.
Panos de chão, de
pratos, flanelas, aventais e coadores são os principais produtos que exigem
mão-de-obra relativamente qualificada, equipamentos apropriados, principalmente
teares e máquinas de costura, além de muito trabalho. Uma das indústrias mais
antigas, a Itatex, emprega 350 funcionários, investe em panos de prato, de chão
e toalhas.
Boa parte das
empresas que se instalaram aqui na região começaram como terceirizados da nossa
empresa, mas foram crescendo e ganhando seu próprio espaço no mercado, afirma
Danielle Fernandes, gerente da empresa fundada há 17 anos e atual presidente da
Associação das Empresas Têxteis do Vale do Piancó, que reúne 10 indústrias
associadas.
Entre os que foram terceirizados, estava o empresário
Marconi Costa, proprietário da MC Flanelas. Começou na década de 90 como
representante, depois montou uma pequena estrutura de produção num espaço de 15
metros quadrados em casa e conseguia produzir 5 mil flanelas mês. Comprava o
rolo de tecido, costurava e embalava em máquinas caseiras, mas percebi que
tinha espaço para crescer e precisava de gente qualificada para trabalhar,
lembra Marconi.
Com recursos próprios, o empresário foi ampliando a sua
produção de flanelas, associada ao trabalho de representação que ainda mantinha
com outras empresas. Decidi investir no ramo de tecelagem e em 2008 construí
uma estrutura com de 1.700 metros quadrados de área. Foi quando vi que
precisava de pessoal com mais conhecimento técnico de produção e não só de
acabamento de produtos, explica.
A MC Flanelas contratou mecânicos, técnicos em acabamento,
em tingimento, importou máquinas e hoje o proprietário conhece todos os
detalhes do processo produtivo. A área total da empresa ocupa hoje um espaço de
3.700 metros quadrados, com 104 funcionários, sendo 10 deles só no apoio
administrativo da pequena indústria.
Inovar para competir
As indústrias, em geral, são empreendimentos com
particularidades em seu funcionamento, que se não tiverem os processos
produtivos bem organizados, sofrem com desperdício, demissões frequentes e
perda de lucratividade. Diante do crescimento rápido, o proprietário da MC
Flanelas não hesitou em procurar ajuda.
Tinha problemas com
rotatividade de funcionários e organização da produção. Após um ano de
consultoria com o apoio do Sebrae, mudei o conceito de que comprar mais
equipamentos e contratar pessoal era o único sinal de crescimento, avalia
Marconi. Segundo explica o engenheiro e consultor de empresas Germano Márcio
Gomes, muitas medidas de baixa complexidade provocaram melhorias significativas
e 30% a mais em produtividade.
Muitas vezes o
empresário acha que inovar é adquirir maquinário novo, mas quando se trabalha
num monitoramento mais preciso da produção, organização do processo produtivo,
das etapas mais simples às mais complexas e se engaja os funcionários nesse
compromisso com o resultado da empresa, eleva o grau de competitividade do
negócio e todos ganham com isso, esclarece o consultor.
No caso da MC
Flanelas, com a otimização da produção, foi possível extinguir o turno de
trabalho aos sábados, algo impensável para as demais empresas do setor, além de
estabelecer políticas de bonificação. Este
é um exemplo muito positivo de que, pelo comprometimento do líder da empresa e
de seus colaboradores e acompanhamento contínuo, é possível a pequena empresa
competir mais, avalia Ana Stefânia, analista da agência regional do Sebrae, em
Patos.
Postado Por: Soares
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