CARLOS BRICKMANN
O
ministro Joaquim Barbosa disse uma série de verdades sobre a vida
política brasileira: que o Congresso é ineficiente, incapaz de
deliberar, dominado pelo Executivo; que os partidos políticos "são de
mentirinha", sem identificação com os eleitores, sem consistência
ideológica e programática.
Tudo certo - menos um ministro do Supremo,
que deveria falar nos autos, proclamar sua opinião sobre tudo numa
palestra para estudantes do Instituto Superior de Direito, em Brasília. E
sua desculpa, de que não falou como ministro, mas como "acadêmico e
universitário", é difícil de engolir: o cargo no Supremo não se despe
junto com a toga.
Mas o pior não é o que Joaquim Barbosa falou (e
que, vamos repetir, é verdade); o pior é o que ele preferiu calar. Não
quis falar sobre a reportagem de O Estado de S.Paulo sobre gastos
do Supremo com viagens de primeira classe para parentes de ministros.
Nem sobre convites para que jornalistas acompanhem ministros ao Exterior
e publiquem matérias sobre suas atividades. Nem sobre pagamento de
viagens em períodos de recesso, ou para ministros em licença médica -
como o próprio Barbosa, licenciado para tratamento de saúde, que viajou
19 vezes para Fortaleza, Rio, Salvador e São Paulo.
São gastos
legais - passagens de primeira classe para parentes são pagas pelo
Supremo quando sua presença na viagem for indispensável para o evento.
Mas quando é indispensável essa presença, e por conta do contribuinte?
Boa pergunta. Mas Joaquim Barbosa disse, e com dureza, que não queria falar sobre o assunto.
Postado Pore: Soares
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