Folha de S.Paulo
O PT parece
não aprender com os próprios erros. Contrariado, aposta no confronto
como melhor caminho para atingir seus objetivos. Sinceramente, de um
partido no poder esperava-se mais profissionalismo. Vejamos.
No ano
passado, a cúpula petista fez de tudo para adiar o julgamento do
mensalão, disparando inclusive torpedos na direção de ministros do STF.
Tática condenada até pelos advogados dos mensaleiros, que só fez acirrar
os ânimos contra o partido dentro do Supremo.
Agora,
deputados do PT articularam a votação de uma emenda constitucional que
tira poderes do STF. Exatamente no instante em que o tribunal está para
concluir o julgamento e réus petistas sonham em rever suas penas de
prisão.
Nada mais
amador. A ideia provocou tamanha reação contrária que a Câmara dos
Deputados retirou a proposta da pauta de votação. E o clima no tribunal
em relação ao PT, que já não era bom, piorou.
Hoje, diante do
prejuízo irreversível, petistas defendem nos bastidores que a presidente
Dilma Rousseff indique para o Supremo ministros que tenham certa
afinidade com o partido. O sonho é formar no STF um grupo de confiança
para evitar derrotas em temas sensíveis.
Nada indica,
contudo, que a presidente seguirá tal conselho. Sem falar que nem sempre
dá certo. Ao virar ministro do Supremo, Luiz Fux despertou no petismo a
ideia de que não iria condenar o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu.
Condenou.
Enfim, o novo
embate entre PT e STF de nada serviu aos mensaleiros. E complicou ainda
mais a escolha, pela presidente, do próximo ministro do Supremo -- há
uma vaga aberta desde o ano passado.
O indicado
corre o risco de pagar pelos erros alheios. Sua vida pode ser revirada
pelo avesso para ser aprovado no Senado. Tanto que, no tribunal, o
comentário corrente é que ninguém gostaria de estar na pele do futuro
colega.
Postado Por: Soares
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