Um gênio não fabricado
O
Brasil se rendeu, ontem, a Luiz Gonzaga, o rei do baião, que se tivesse
vivo festejaria 100 anos de idade. É difícil falar de Gonzagão sem
recorrer ao lugar comum, porque tudo já foi dito sobre a sua trajetória
vitoriosa.
Sem
nunca ter disputado um mandato, Gonzaga foi general, governador e
presidente do Brasil. Todos se ajoelhavam aos seus pés para
reverenciá-lo. Era um artista diferenciado de todos os que fazem fama no
Brasil.
Não apenas cantava o forró com amor, mas amava a sua gente e o sertão. Por isso, Luiz Gonzaga não foi um gênio fabricado, mas um
gênio da terra. Era xique-xique, era o serrote, era o grotão, era a
cerca, a cerquinha de vara dos sertões, era o boi, era o aboio, era o
gibão, era o chapéu estrelado do vaqueiro, era o cangaceiro.
Mais
do que isso, era o beato, era o religioso, era a superstição, era o
místico, era o artista que conseguiu, dos cabarés do canto do mangue do
Rio de Janeiro ao sertão, traduzir o Nordeste nas suas mais
diferenciadas formas de expressão: a forma alegre, a forma triste e a
forma sofredora.
Gonzagão
deixou uma imensa obra no Brasil inteiro. Fez o Nordeste se animar nas
épocas de seca com seus xotes e músicas de forró. Todos os cantores de
forró se inspiram nele, pois não tem como imaginar um forró sem
lembrar-se do rei do baião.
Postado Por: Soares
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